segunda-feira, 1 de outubro de 2007

Conto (um sonho) uma realidade quase morte



Hoje acordei pela madrugada

Para passear pela minha escuridão.

Então vi todos mortos, todos.

Porém vivos me olhavam e se mexiam

Procurando o quê devorar.

Estavam famintos, porém eu não tinha o quê lhes oferecer

Senão os vermes que me dilaceraram a carne por outrora.

Está frio. Começou a chover.

Caíam gotas grossas como sangue, o meu sangue,

Que num céu nublado corria até se chocar

Com aqueles desalmados aqui no chão;

Onde todos esperavam pelas respostas

Daquelas perguntas que nos trouxeram para cá.

Escuto um piano sendo tocado, bem tocado,

Por uma mulher sem a metade dos dedos;

Tinha um corpo tão magro

Que mal agüentava mover suas mãos pelas teclas.

Sua língua tinha sido cortada quando criança

E sua alma vendida por um cigarro.

Mas à medida que sua música morta ecoava

Meus vermes,

Que se tornaram uma extensão do meu corpo,

Criavam asas, e voavam, e sufocavam-me

Levando de mim a poesia, o papel, a minha vida.

A mulher parou de tocar.

Ela parou de respirar.

Morreu de câncer.

As borboletas caíram me deixando.

E eu sonhava, descansava, morria.

3 comentários:

dame ningen disse...

É tétrico...
Gostei!

;)

dame ningen disse...

Gostei... é tétrico...

dame ningen disse...

achei que num tinha ido ¬¬