Nada por acaso
Mera poesia
Falso mero acaso de um acontecido do lado do avesso
Que de tão travesso roubou-me a vez
De ficar tão somente sobre modo tal, quase dado,
Agarrado, junto, bem junto a ti.
Homem da neblina, se queres levar a porta de minha perdição embora,
Espere um minutinho que eu enxugo, amacio, embrulho e enfeito e te entrego...
Beba e sinta-se saciado,
Pois pela manhã não mais existirá a luz do dia;
O Sol que brilha em você é aquecido por mim.
Hoje não espere flores.
Digo a você, meu pecado maior,
O qual me desapego sem dó.
E ao “da neblina” assim cabem flores,
As mais fúnebres.
Bom dia meu arrependimento, que me tomou em forma de mulher;
E que desapareceu com a noite.
Veja! Você pode ver? Bem do outro lado do jardim...
Ainda existem borboletas
Que me arrastam por milhas e milhas, me sufocam,
Fazem-me escutar coisas que não existem em minha imaginação.
Se eu morrer aqui, minha poesia continuará a ser escrita;
Não me pergunte como
Eu estarei morta, mas um outro poeta não.
Espero que esse poeta não conheça esse mesmo caminho
Essa porta que abre para o paraíso e para o inferno
Que de tão real mete medo até no Seu Sebastião,
Padre formado, mas tarado,
Que gosta de andar sob a neblina de vez em quando.